Sobre dias de enchente. Sobre reviver a angústia, sofrimento, medo e incerteza da tão recente pandemia. Tantas coisas na cabeça que fica impossível organizar logicamente os pensamentos. A dor pelas perdas das pessoas - de pessoas, de animais, de bens, de história. O medo dos desastres climáticos cada vez mais recorrentes, assim como o medo já instaurado de pandemias e epidemias. A solidariedade bonita de ver. A maldade inacreditável em um momento como esse. A culpa acompanhada da gratidão por estar em casa e segura, sem ter sido atingida - por mera sorte de morar em um lugar alto. O trabalhar com minha filha em casa porque as escolas não podem abrir, e ser grata por ela estar aqui, viva e segura do meu lado. E por eu estar numa empresa como o Sicredi, que além de fazer tudo que está fazendo pelos atingidos (pessoas colaboradoras e comunidade), entende o contexto que estamos vivendo e como afeta nossa rotina. Não dá pra ser 100% produtivo com crianças em casa (tenho mais meu enteado, que além de criança é autista, o que complexifica mais a situação). Não dá pra entrar em reunião. Mas também não estava dando pra trabalhar nos primeiros dias com as emoções à flor da pele. Eu não conseguia nem abrir câmera que só chorava. Eu não podia ouvir o barulho da chuva que sempre gostei pra dormir. Agora me dava pesadelos. Os primeiros dias foram de encher carro com doações, de fazer pix, de ajudar em iniciativas de voluntariado. Mas isso não pode parar nos primeiros dias. Além disso, agora é ir voltando aos poucos porque o Estado, os negócios e os empregos precisam se reerguer, se manter. E eu aqui, em posição privilegiada, cujo único "empecilho" é gerenciar filhos e trabalho, me comprometo a dar meu melhor para cobrir colegas que estão sem condições físicas ou psicológicas, ou estejam se voluntariado em abrigos ou limpezas e reconstruções. Vamos juntos nos apoiarmos em todas frentes possíveis, ter empatia pela dor e contexto do outro e ajudar no que estiver ao nosso alcance. Toda ajuda é bem vinda. 💚