Volta e meia testemunho pais orgulhosos de suas filhas
enobrecendo-as em alto e bom som para os amigos. Quando pequena, tão esperta.
Adolescente, a mais inteligente da turma. Na faculdade, já estava empregada.
Formada, uma mulher feita com uma carreira em ascensão. “Ah, a minha filha
passou na faculdade pública, cursou Direito, foi aprovada de cara na OAB e logo
depois num concurso público, e hoje tem sua casa, seu carro e seu marido (mas
não depende financeiramente dele)”. Aí me questiono: se os pais se orgulham
tanto das mulheres que suas filhas se tornaram, eles não deveriam estar mais
atentos à causa feminista? Não sabem eles que para suas filhas chegarem aonde
chegaram elas precisaram provar sua competência trilhando um caminho bem mais
acidentado do que os homens percorrem? Não sabem que, mesmo diante das
conquistas, lutam diariamente para terem o mesmo reconhecimento profissional e
financeiro dos homens no seu dia a dia?
Creio eu que grande parte dos pais, se não a maioria, sonha
que sua filha vá longe. Dificilmente um pai irá desejar que sua filha seja uma
Gata Borralheira ou até mesmo uma princesa dondoca dependente financeiramente
do marido e submissa à ele. Partindo desse pressuposto, saliento a importância
dos homens serem mais engajados com as questões feministas. Aqueles que dizem
que somos chatas com essa história de direitos iguais (que às vezes, realmente,
foge do objetivo central e dá margem para as críticas), talvez não estejam
olhando por um ângulo maior. Não deviam eles, antes de criticar, pensar que
suas filhas, namoradas, irmãs, esposas ou mães merecem as mesmas oportunidades
que eles, já que têm tantas competências?
Obviamente homens e mulheres não são seres iguais, o que não
significa que não devemos ter direitos iguais, capiche? Homens são melhores em
algumas coisas, mulheres em outras, e tá tudo certo, oras. O que defendo vai
muito além de qualquer competitividade boba que não vai dar em nada. Não quero saber
se a mulher dirige melhor ou pior e se o homem vai ser sempre o dono da bola.
Eu estou falando é de igualdade! Queremos ser pagas de igual forma pelo mesmo
trabalho. Queremos crescer sem a pressão para ter filhos antes dos 30 ou de
casar sem ter certeza. Queremos abrir mão do papel de dona de casa e por aí
vai.
Aproveitando o ensejo, vou dar um exemplo que me veio agora,
a partir de uma leitura que fiz. O livro falava de mulheres e religião. Buenas,
confesso que tenho problemas para me enquadrar em alguma religião. Tenho fé em
Deus, mas não concordo que a vida do homem que foi Jesus Cristo, seus
seguidores e aquelas histórias que estão na Bíblia possam servir de base para
todas as situações nos dias de hoje. Como podem algumas mulheres, hoje em dia, ainda
defenderem que por termos teoricamente nascido da costela de Adão viemos ao
mundo para sermos o que faltava na vida dos homens, a auxiliadora que eles
precisam? Que devemos ser submissas a eles, deixando que eles tenham a palavra
final mesmo quando não estão certos? Não estou dizendo que eles não possam ter.
Estou dizendo que isso depende de casal para casal. Na Bíblia diz que o homem é
a cabeça e a mulher é o corpo. Discordo. Acho que o homem pode ser a cabeça e o
corpo em alguns relacionamentos, assim como a mulher pode ser a cabeça e ele o
corpo. A questão é que não se trata de uma disputa. Estamos falando de
igualdade de gêneros, e igualdade não é sermos superiores aos homens e, sim,
como eles - se assim o desejarmos. Ou seja, se você é feliz sendo uma mulher
submissa ao seu marido, eu não condeno, pois você tem o direito de escolha. Tem
DIREITO. Direitos iguais.
Pois é, homem, talvez você seja o marido que nunca deixou a
esposa trabalhar por ciúmes e pelo instinto de macho dominador. Em compensação,
sua filha é um exemplo no mercado de trabalho que só te dá orgulho. Será que
não é chegada a hora de você abrir sua mente e perceber que não há dois lados?
Há dois sexos: feminino e masculino. Mas há apenas um lado: o do ser humano.
Texto publicado na minha coluna no Negócio
Feminino
Volta e meia testemunho pais orgulhosos de suas filhas
enobrecendo-as em alto e bom som para os amigos. Quando pequena, tão esperta.
Adolescente, a mais inteligente da turma. Na faculdade, já estava empregada.
Formada, uma mulher feita com uma carreira em ascensão. “Ah, a minha filha
passou na faculdade pública, cursou Direito, foi aprovada de cara na OAB e logo
depois num concurso público, e hoje tem sua casa, seu carro e seu marido (mas
não depende financeiramente dele)”. Aí me questiono: se os pais se orgulham
tanto das mulheres que suas filhas se tornaram, eles não deveriam estar mais
atentos à causa feminista? Não sabem eles que para suas filhas chegarem aonde
chegaram elas precisaram provar sua competência trilhando um caminho bem mais
acidentado do que os homens percorrem? Não sabem que, mesmo diante das
conquistas, lutam diariamente para terem o mesmo reconhecimento profissional e
financeiro dos homens no seu dia a dia?
Creio eu que grande parte dos pais, se não a maioria, sonha
que sua filha vá longe. Dificilmente um pai irá desejar que sua filha seja uma
Gata Borralheira ou até mesmo uma princesa dondoca dependente financeiramente
do marido e submissa à ele. Partindo desse pressuposto, saliento a importância
dos homens serem mais engajados com as questões feministas. Aqueles que dizem
que somos chatas com essa história de direitos iguais (que às vezes, realmente,
foge do objetivo central e dá margem para as críticas), talvez não estejam
olhando por um ângulo maior. Não deviam eles, antes de criticar, pensar que
suas filhas, namoradas, irmãs, esposas ou mães merecem as mesmas oportunidades
que eles, já que têm tantas competências?
Obviamente homens e mulheres não são seres iguais, o que não
significa que não devemos ter direitos iguais, capiche? Homens são melhores em
algumas coisas, mulheres em outras, e tá tudo certo, oras. O que defendo vai
muito além de qualquer competitividade boba que não vai dar em nada. Não quero saber
se a mulher dirige melhor ou pior e se o homem vai ser sempre o dono da bola.
Eu estou falando é de igualdade! Queremos ser pagas de igual forma pelo mesmo
trabalho. Queremos crescer sem a pressão para ter filhos antes dos 30 ou de
casar sem ter certeza. Queremos abrir mão do papel de dona de casa e por aí
vai.
Aproveitando o ensejo, vou dar um exemplo que me veio agora,
a partir de uma leitura que fiz. O livro falava de mulheres e religião. Buenas,
confesso que tenho problemas para me enquadrar em alguma religião. Tenho fé em
Deus, mas não concordo que a vida do homem que foi Jesus Cristo, seus
seguidores e aquelas histórias que estão na Bíblia possam servir de base para
todas as situações nos dias de hoje. Como podem algumas mulheres, hoje em dia, ainda
defenderem que por termos teoricamente nascido da costela de Adão viemos ao
mundo para sermos o que faltava na vida dos homens, a auxiliadora que eles
precisam? Que devemos ser submissas a eles, deixando que eles tenham a palavra
final mesmo quando não estão certos? Não estou dizendo que eles não possam ter.
Estou dizendo que isso depende de casal para casal. Na Bíblia diz que o homem é
a cabeça e a mulher é o corpo. Discordo. Acho que o homem pode ser a cabeça e o
corpo em alguns relacionamentos, assim como a mulher pode ser a cabeça e ele o
corpo. A questão é que não se trata de uma disputa. Estamos falando de
igualdade de gêneros, e igualdade não é sermos superiores aos homens e, sim,
como eles - se assim o desejarmos. Ou seja, se você é feliz sendo uma mulher
submissa ao seu marido, eu não condeno, pois você tem o direito de escolha. Tem
DIREITO. Direitos iguais.
Pois é, homem, talvez você seja o marido que nunca deixou a
esposa trabalhar por ciúmes e pelo instinto de macho dominador. Em compensação,
sua filha é um exemplo no mercado de trabalho que só te dá orgulho. Será que
não é chegada a hora de você abrir sua mente e perceber que não há dois lados?
Há dois sexos: feminino e masculino. Mas há apenas um lado: o do ser humano.
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