É isso mesmo. Eu não sei e nunca soube pegar leve. Então não me peça para fazer isso. Caso contrário, não serei eu. Defeito? Qualidade? Depende do ponto de vista, como quase tudo na vida. Pegar leve para mim é se acomodar, não tirar o máximo proveito de mim e da vida, e isso sim pra mim é pesado.
Que comecem os exemplos. Quem me conhece bem sabe o quanto sou viciada em exercícios físicos. Depois dos 30, virey gymaholic. Descobri uma disposição em mim que eu não lembro de ter tido aos 15. Mas desde criança sempre fiz muitas atividades físicas, mesmo que não com a mesma intensidade e disciplina. Comecei com ballet, e fui para o jazz e para o street, começando a me apresentar em público. Depois mudei para a ginástica rítmica seguida de olímpica, quando pude competir. Na adolescência, migrei para o futebol de salão, e meu lado pegar pesado foi aflorando ainda mais. Jogar, para mim, era entrar para ganhar. Depois de me lesionar, fui para a natação e para a hidroginástica me recuperar. O que era para ser fisioterapia, virou vício. Nadar virou esporte. Aí, com 18 anos, comecei a vida de academia. O que todo mundo achava chato, eu passei a amar. Desde então nunca mais sai de perto dos pesos e aparelhos. Somei a eles atividades como: pilates, gap, pagode, circuito funcional, spinning, aula de ritmos e corrida. Todos os dias, uma atividade diferente e mais a musculação. E como se não bastasse, eis que incluo na minha rotina pesada de treinos, mais três treinos por semana de Muay Thai. As pessoas me falam: “pega mais leve, faz menos, descansa". Mas por que pegar leve se pegar pesado me faz tão bem?
Em outro aspecto da minha vida, quando eu estava no colégio, trabalhos em grupo eram sempre um problema. O pessoal queria fazer “nas coxas” e se livrar logo daquela encrenca. Eu queria fazer o meu melhor. Resultado, muito fiz trabalho para todo mundo. Na faculdade, a mesma coisa. Ou eu fazia o trabalho mais foda, ou fazia o mais foda. Não fazer o melhor nunca foi uma opção. A monografia devia ter 40 páginas, a minha teve 140. No trabalho, mesmo que a tarefa pudesse ser resolvida com algo simples, sem muito envolvimento, eu ia lá e complicava para o meu lado e mergulhava bem fundo. Até hoje sou assim. Fazer de qualquer jeito nunca foi meu jeito.
Em relacionamentos, a mesma coisa, se não for paixão, melhor nem começar. Essa história de namorar só para não ficar sozinha, sem estar completamente apaixonada pela pessoa, não é para mim, não. E se é para ser solteira, é para ser mesmo. Nada de ficar em casa vendo Netflix no final de semana ou recusando convites para fazer o que a vida tiver pra oferecer. É para sair para dançar, beber, viajar, inventar qualquer coisa. Sair nos três dias do fim de semana e só parar no fim do domingo. No fim mesmo.
Se for para ver série, é para ver maratona; se for para caminhar na praia, é para ir a pé até a outra praia; se for para cozinhar, é para bagunçar a cozinha toda; se for para viajar, é para fazer tudo que a cidade tem a oferecer; se for para dançar, é para ser até os pés doerem; se for para escrever, é até a ideia se esgotar; se for para limpar a casa, é faxina das paredes ao chãos; se for para discutir, é até esgotarem os argumentos; se for para lutar pelo que acredito e quero, é até vencer a batalha; se for para viver, é até a hora de parar.