Esses tempos, conversando com uma amiga, me peguei pensando no quanto a gente evolui com o passar dos anos. Tá, nem todos, infelizmente. Mas no que diz respeito a mim, posso afirmar que sim. A Tássia dos 17 anos definitivamente não é a mesma Tássia dos 31. Se ela pudesse, inclusive se esconderia da versão 2018. Obviamente os meus traços de personalidade permanecem, mas a versão atualizada veio com muitas melhorias. Se a Tássia de 17 anos tinha baixa autoestima, a de 31 aprendeu a se amar acima de tudo. Se a de 17 aceitava que as pessoas que mais amava a diminuíssem e mandassem nela, hoje ela aprendeu que cada um que a diminui ela também subtrai da vida dela, e que se mandarem nela, ela manda a mer.... Mas o ponto que vou abordar hoje é a seguinte mudança: se a Tássia de 17 falava o que pensava, hoje ela busca pensar antes de falar. A personalidade forte que dava tudo para entrar e para não sair de uma briga mandou lembranças. Hoje, evito entrar na briga, simplesmente porque não vale a pena tirar minha paz e não ganhar nada com isso. O termo certo, na verdade, seria “preguiça”. Não entro em discussões mais porque tenho preguiça. Sabe aquela música do Patu Fu: “as brigas que ganhei, nem um troféu”. Pois, então.
Eu era dona de colocar minha opinião nas redes sociais, nas rodas de conversa, e de responder até ter a palavra final, seja sobre política, futebol, educação, ideologias e etc. Até que eu me dei conta de que não valia a pena discutir, porque a real é que sempre os dois lados da discussão querem provar que estão certos, e tentar converter o outro. Poucas foram as discussões que tive com pessoas que não tentavam mudar minha opinião. Conversas raras e boas, por sinal. Então, se nenhum está disposto a virar a casaca, por que perder meu tempo tentando justificar meu ponto de vista e convencer que o meu é que está certo? Até porque não necessariamente está. É apenas o meu ponto de vista. Além do mais, eu sempre fui a minoria. A única gremista no meio de vários colorados, a única que não era de esquerda, a única que não levantava a bandeira do feminismo. Logo eu, uma jornalista, mulher e independente. Que vergonha para a classe (aqui você pode imaginar eu bocejando).
E se, ao invés de você ter um lado, você estiver em cima do muro? Só piora. Vivemos um mundo polarizado. Você precisa ter um lado. Ou é Grêmio ou é Inter; Esquerda ou Direita; Feminista ou Machista (não, pera!). Estar em cima do muro é feio. Se você não estiver do lado que a maioria com quem você convive está, aquele discurso de respeitar as diferenças cai por terra. E aí começa a palhaçada das pessoas acabarem amizades de anos, a começar pelo Facebook, porque defendem bandeiras diferentes (visualize aqui meus olhos revirando). Sem falar que, diariamente, vejo pessoas defendendo a diversidade, de gêneros, de raça, de opiniões. Tudo que também defendo porque defendo o respeito e ponto. Mas fico p de vida quando vejo essas mesmas pessoas se contradizendo. Já ouvi homossexual não respeitando o amigo hetero, porque todo “hetero é um gay que não se descobriu”; já vi um católico falando de evangélico, e até onde sei o Deus é o mesmo; já vi índio falando mal de negro. Conseguem entender minha preguiça? A regra que só vale para um dos lados não me serve.
Mas voltando ao começo da história, sobre não entrar mais em discussões, a questão é que aprendi a escolher minhas batalhas. Que aprendi que é melhor ter paz do que estar certa. Que eu não preciso mais provar nada para ninguém e nem querer ser aceita na turma. E que hoje, em vez de brigar, eu apenas observo. Porque se tem algo para o qual sou tolerância zero, é para quem prega a diversidade, o respeito, a empatia e a democracia, mas não tolera quem pensa e age diferente. Respeito não é apenas o que você espera dos outros, e sim o que os outros também esperam de você. Fica a dica.
Coluna publicada em Negócio Feminino: https://www.negociofeminino.com.br/colunistas/observo.html
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