Você já teve aqueles momentos da vida em que você para, olha para dentro e para fora de si, e reavalia o que você quer ser e fazer da vida? De tempos em tempos eu passo por isso. Mais precisamente, a cada dois anos. Não é nada planejado. Simplesmente me pego pensando sobre o que quero para o próximo ciclo e, coincidentemente, isso acontece nesse intervalo de tempo. Não sei se meu mapa astral explica esse time, se isso é influência da lua, do ascendente, da vênus, ou do que for. Só sei que isso acontece e que acho isso bom.
Neste momento da minha vida, cá estou eu de novo reavaliando-a. Mudando coisas que não imaginei que um dia eu mudaria, ou ao menos o que penso das coisas. Reavaliei meu comportamento e pensamento em relação a família, amigos, trabalho, estudos, hábitos, hobbies. Aprendi que se colocar em primeiro lugar não é ser egoísta. Sabe quando a gente entra no avião e a aeromoça nos ensina que devemos colocar a nossa máscara antes de colocar na pessoa que está ao lado? Então, é mais ou menos por aí. Aprendi a colocar a máscara de oxigênio em mim primeiro. Afinal, se eu ficar sem ar e não puder respirar, não consigo salvar ninguém: nem parentes, nem amigos, nem colegas. Aprendi também que eu não tenho a obrigação de consertar os erros dos outros - ou eles nunca irão aprender com seus erros, que não preciso me sentir culpada por me sentir feliz quando nem todos ao meu redor estão, que não nasci para realizar os sonhos dos outros e as expectativas que eles têm sobre mim, e que não posso salvar o mundo. Foi aí que cheguei a conclusão óbvia de que viemos ao mundo sozinhos, e assim vamos embora. Portanto, sou a única responsável pela minha história. É, já estava mais do que na hora de olhar mais para mim e menos para os outros.
Eita, Tássia, o que aconteceu? Que azedume. Nada! Pelo contrário, eu chamaria isso de autoconhecimento, evolução e maturidade. Ainda sigo sendo a mesma menina doce, só não mais a menina ingênua de antes. O que acontece é que sempre fui de me doar para os outros. Até demais (agora eu vejo). Tanto que chegava a ser permissiva. Fazia de tudo para agradar. Mas e quem agradava a mim? Eu costumava ser um livro aberto, pois acreditava que todos eram meus amigos, me queriam bem, estariam ali para me ajudar quando eu precisasse superar situações ruins e para se divertir comigo nos momentos bons. Eu achava todos dignos de confiança e chamava todos de amigos. Aí cai na real e aprendi que existem amigos de ocasião, que inveja infelizmente existe, que nem todo mundo vai te aplaudir quando vencer e nem te dar a mão para levantar quando cair. Então comecei a ser o que já me diziam que eu seria depois dos 30, seletiva. Com isso ganhei mais tempo para a melhor amiga que eu poderia ter: eu mesma. Sabe aquela máxima que se usa para relacionamentos amorosos "antes só, do que mal acompanhada"? Acho que ela pode ter um sentido bem mais amplo hoje em dia.
Em relação a trabalho, não mudei muito. Sigo sendo apaixonada por trabalho e, por vezes, até workaholic. Enxergo o trabalho como fonte de autodesenvolvimento profissional e crescimento, e não apenas como ganha-pão. Usar meu potencial e tê-lo reconhecido é regra para que eu queira ficar. Se eu sentir que parei de aprender, que não estou sendo ouvida, desafiada, estimulada a dar o meu melhor, valorizada e contribuindo mais para a melhoria da empresa na qual trabalho, hasta la vista, baby. Buscar novos desafios sempre foi premissa profissional na minha vida. Falando em desafios, decidi nunca parar de estudar. Manter o cérebro ativo e em aprendizado contínuo faz com que eu me sinta mais útil, mais inteligente e dá mais sentido à vida no geral. Se não viemos ao mundo para aprender, por que viemos?
Sobre meu estilo de vida, se há um tempo eu não perdia uma oportunidade de sair com os amigos, fazer um happy, ir para uma balada mesmo em dias de semana, hoje eu coloco tudo na balança. O que vale mais: ir para a academia, voltar para a casa e fazer minha janta, ligar para um amigo que mora longe, tomar um banho demorado e relaxante, ver um programa, organizar a casa e ler um livro antes de dormir; ou ir para uma festa no frio, acordar com ressaca e passar o dia com sono? Claro que ainda sou aquela mesma menina de 10 anos atrás que vai para a balada e dança até os pés se entregarem e que é quase a última a ir embora. Mas, de preferência, que essa rotina comece na sexta. Não sou mais adepta de terças na balada. Talvez tenha ficado um pouco careta sem alguns copos de álcool e não muito disposta a frequentar festas estranhas com gente esquisita. Se antes eu comia tudo que via pela frente, hoje faço minhas próprias refeições, de preferência, saudáveis. Faço exercícios físicos todos os dias e, se não faço, fico #chateada. Quando morava com meus pais, eu não ligava para organização, hoje aprendi o valor de uma cama arrumada e de uma pia sem louças. Correr ou caminhar sozinha no parque virou hobby tanto quanto ler no percurso de casa até o trabalho e vice-versa, nas viagens até a praia e enquanto tomo banho de sol. Férias, feriado, fim de semana: bóra viajar. Meu hobby favorito hoje? Cuidar de mim.
Mas e então: o que eu quero ser? Alguém melhor do que sou hoje. Uma profissional mais qualificada e reconhecida, uma pessoa menos permissiva, mais presente na vida de quem realmente importa e se importa, uma estudante mais regrada, uma atleta mais focada, uma leitora mais assídua, uma pessoa mais organizada, uma exploradora de novos mundos, e seguir sendo minha melhor companhia. Já estamos no caminho. E quanto a fazer? Bom, a minha porta está sempre aberta. No máximo, encostada. Só dar um empurrãozinho que abre. Quero crescer mais, viajar mais, me desafiar mais, ter mais experiências, escrever mais histórias, ter mais motivos para sorrir e para me amar. O que importa é que aquilo que eu for fazer esteja sempre ligado ao meu crescimento e evolução como pessoa. Dito isso: que venha o novo ciclo, as novas escolhas e os novos rumos. Porque parar é que não pode.