Amor, uma palavra tão pequena, simples e fácil de falar. Pequena? Simples? Fácil de falar? Por trás de seu pequeno tamanho, a palavra 'amor' guarda uma grandeza imensurável. A simplicidade de sua morfologia esconde vários significados e interpretações, e é quase impossível explicar sua imensidão em poucas palavras. Fácil de falar? Depende. Entre amigos parece fácil dizer "te amo", mas há pais e filhos que passam a vida sem dizer "te amo" uns para os outros. E quando se trata de relacionamento amoroso, é comum ouvirmos histórias de casais que demoram meses até conseguirem falar que se amavam.

Como alguém disse por aí, "amar é para corajosos". Em uma cena da série La Casa de Papel, Nairóbi enuncia essa afirmação para Palermo, a fim de mostrar que não tinha medo de assumir seu amor por Helsi, e que Palermo, por sua vez, era covarde por ter amado Berlim em silêncio durante tantos anos. Palermo escondia seu amor não correspondido, seu desejo de amar e ser amado e de viver uma linda história de amor, por trás de seu disfarce de homem sem sentimentos, que só tinha interesse em sexo. Quantas histórias como essa você não conhece entre seus amigos? Desculpa o spoiler, mas é que nesta cena, Nairóbi ganhou ainda mais a minha admiração. Se já era corajosa o suficiente para assaltar a Casa da Moeda e o Banco da Espanha, imagina então ao declarar seu amor por um homem sem a certeza de que ele a amaria da mesma forma algum dia. Isso, sim, é coragem, senhores!

Mas sabem por que amar é para corajosos? Porque assim como ele nasce, ele também morre, muitas vezes, antes do que você imaginava. E, vamos combinar, todo mundo tem medo de que as coisas não deem certo. Ninguém entra em um jogo para perder. Você entra de cabeça, querendo driblar os adversários, defender sua área, marcar um gol atrás do outro e vencer o campeonato. No amor não é diferente. A boa notícia, é que, em muitos casos, ele nasce, cresce, amadurece e fica com você até seu último suspiro. É acreditando nisso que as pessoas embarcam nessa aventura. Toda aventura exige coragem, não é mesmo? Tendo isso em mente, eis que que um belo dia você decide não ter mais medo de amar. Conhece alguém, se apaixona, entra em um relacionamento, se entrega e, de repente, do nada, ou pelo desgaste da rotina, traição, mentiras, brigas, o amor e o relacionamento terminam. Depois de chorar mares e rios, de sentir saudade e depois raiva, e de simplesmente deixar de sentir qualquer coisa, você promete nunca mais cair nessa de novo. Afinal, você não quer mais ser feito de bobo, ser enganado, amar por dois, ter planos e sonhos desfeitos, se machucar. Você descobriu o amor próprio, a independência emocional e financeira, a paz interior. Você se ama, ama a vida e isso basta. 

Mas aí, resolve sair pra "ver qual é" daquele boy ou daquela mina, só pela curtição, e quando vê: "ferrou". Ou seja, você perdeu o controle da situação. Foi mais que química, foi amor. Foi o jeito de sorrir com os olhos, o jeito de mexer no cabelo, de se vestir, de caminhar, de dançar, de conversar; o sorriso largo, o cheiro, o toque, o beijo, o abraço. Então, como diz um modão sertanejo; "aí, já era, é hora de se entregar, o amor não espera". Essa história, que  também pode ser a de outras pessoas, aconteceu comigo. Eu estava no que eu acreditava ser o meu melhor momento comigo mesma. Dona do meu próprio apartamento no bairro das festas e pubs da cidade, estabilizada profissionalmente, viajando pelo Brasil, América Latina e Mundo, treinando freneticamente, saindo com os amigos, curtindo os momentos comigo mesma, equilibrada emocionalmente, me amando assim: livre, leve e solta. Escrevendo isso, lembrei da frase do Carpinejar: "Liberdade na vida é ter um amor para se prender". Não é que faz sentido? Eis que depois do primeiro beijo, eu descobri outra liberdade. Essa da qual ele fala aí em cima. E aquele que era apenas um rostinho e um corpo bonito, se tornou uma paixão e um amor, que eu quero cuidar. Segundo ele me conta, a história do lado dele foi bem parecida. Afinal, ele também não queria relacionamento no momento. Acho que o cupido nos pregou uma peça... 

Hoje, 25 de abril, é aniversário dele. Ele, que numa madrugada de insônia, escreveu um samba para mim, porque ele é da música. Eu, que enquanto ele faz a janta, escrevo uma crônica para ele, porque eu sou das letras. Ele, que me fez ser corajosa para entrar em campo, embarcar nessa aventura, me entregar, me envolver, fazer planos, sonhar, sem medo de amar. Ele, para quem eu poderia escrever muitas outras crônicas, de tantas histórias e aprendizados que dá para compartilhar. Ele para quem eu poderia escrever outro livro, uma história de amor baseada em fatos reais. Ele que me fez ter vontade de reativar este blog, hoje, agora. Ele que é mais que um rosto e um corpo, ele que é muito mais lindo por dentro, que veio na hora certa, que chegou para ficar, para tomar conta. Ele que eu comecei a namorar no primeiro encontro, que ganhou a chave do meu apartamento e do meu coração. Ele que era "tudo que eu não queria" e que hoje é "tudo que eu mais quero". Ele é bagunça, confusão, mas é calmaria, paz. Ele é agito, ele é preguiça. Ele é romance, é safadeza. Ele é paixão, ele é amor. Ele é, simplesmente, tudo que eu não sonhei, porque nem nos meus melhores sonhos eu podia imaginar alguém tão feito para mim assim. Ele que me dá medo, mas, mais que tudo, me dá coragem. E aí, Preto, acredita no final feliz? Por que o amor, ah, ele é pequeno e grande, simples e complicado, fácil e difícil de falar, mas ele é o sentimento mais bonito que existe no mundo. E, acima de tudo, ele é para pessoas como nós, é para corajosos.