Detox emocional


Desde o segundo semestre de 2018, venho passando por um período de reavaliação da minha vida pessoal, em especial no que se refere aos meus relacionamentos, com amigos, familiares, colegas, etc. Passei a me observar mais e ficar atenta a tudo aquilo que não me fazia bem nesse quesito. Para começar, é importante que vocês saibam que sempre fui aquela pessoa cheia de amigos, que se dava bem com todo mundo, e que fazia de tudo para agradar a todos. Deve ser por isso mesmo que sempre estive rodeada de amigos. Quem não quer por perto alguém que faz todas as suas vontades, né? 

Acontece que para ser assim, eu acabava não dizendo ‘não’ para nada e para ninguém. Na verdade, dizia ‘nãos’, mas só para mim mesma. Consequência disso: ouvi opiniões que não pedi, fui a lugares que não queria ir, fiz coisas que não queria fazer, me estressei quando eu só queria relaxar, e por aí vai. Tudo isso porque eu não queria ser desagradável e dizer que não perguntei, não queria, não gostava, não concordava. Os outros que passassem por chatos, mas não eu. Resumo: vencedora do troféu do ano de maior engolidora de sapos. 

Então, nessa onda de reavaliação das minhas relações, decidi que era hora de fazer um detox emocional – pelo menos é assim que eu chamo este meu momento. Basicamente, em um detox normal, tudo que você precisa fazer é se afastar das gorduras, frituras e de alimentos que têm glúten e lactose porque são de difícil digestão. Na vida emocional, não muda muito: afaste-se das pessoas que são gorduras, frituras e de difícil digestão. Assim sendo, da mesma forma que reavaliei minha alimentação em 2018, resolvi reavaliar minhas relações e minha maneira de me relacionar. 

Nesse meu período, passei a identificar “alimentos” que não saciavam, e só engordavam. Me dei conta de que haviam pessoas que se aproximavam de mim só quando eu tinha algo que elas queriam para oferecer. É folgado que chama? Ou sanguessuga? Eu costumava chamar de amigos. Quando esses “amigos” conseguiam resolver de outra forma, ou com outras pessoas suas necessidades, eu já não era mais necessária. E aí, depois que eles sugavam toda minha energia, iam embora sem repô-la, afinal, quem ficava com as contas para pagar, a louça para lavar, a cama para arrumar, o sono e a privacidade perdidos, era eu.

Outro ponto que identifiquei foi que eu odeio, com todas as minhas forças, que me deem opiniões que não pedi. E mesmo com esse ódio todo, sei que tenho imã para isso. Não sei onde foi que errei, quando foi que dei abertura, e nem sei como reverter o quadro. E aí são opiniões sobre minha casa, minhas roupas, meu cabelo, meu estilo de vida, meu jeito, meus hobbies, minhas escolhas, minhas decisões. Meu Deus, já cansei só de lembrar. Mas se eu mudar todas as características que me tornam quem eu sou para agradar opiniões alheias, acho que terei uma crise de personalidade. Sugiro então que, caso minhas características incomodem, que em vez de tentarem me mudar, mudem de amigo.

Enfim, como eu disse, não sei quando foi que dei liberdade para opinarem tanto na minha vida e invadirem tanto meu espaço. Só sei que preciso que isso pare antes que acabe comigo, porque não cabem mais sapos no meu estômago. Alguém aí pode me ajudar? Tá, agora sim eu tô pedindo uma opinião. Agora, sim, sua opinião foi solicitada, pode dar.

Talvez eu não seja mais aquela pessoa cheia de amigos do começo desse texto. Talvez hoje eu esteja mais preocupada em me agradar do que agradar aos outros. Talvez eu já não seja mais a mesma pessoa como um todo. E quer saber, acho que prefiro essa nova versão de mim. Sem energias pesadas, sem “amigos” de ocasião, com menos quantidade e mais qualidade, com mais eu e menos outros. Talvez, seja hora de dizer mais “nãos” para os outros e “sims” para mim.

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